segunda-feira, 13 de setembro de 2010

E a paixão atingiu-a também


Pensando nela eu passei o dia, já vivia em meus pensamentos há dias, cotidianamente, apaixonadamente...

No momento em que me apaixonei a noite já não me era ébria, mas com o passar dos dias vi e vivi a certeza da paixão que já me consumia, nesses momentos de total frugalidade e certeza nos sentimentos.

Os minutos passam e ela residindo em minha mente; as horas passaram com ela fazendo moradia em meu cérebro; os dias passaram e cada vez mais meu coração virava o domicílio dessa maravilhosa e surpreendente mulher. Eu ainda não era “lá essas coisas” no coração alheio, não sabia eu quem realmente estava certo em seus sentimentos. De repente meu coração era frouxo demais e haveria de sofrer uma derrocada em toda essa paixão, em todo esse sentimentalismo. De repente não. De repente meu coração estava desde o início certíssimo de que paixão era o sentimento mínimo que eu podia sentir ao “reencontrar” tal maravilha de pessoa perdida na linha do tempo, “reconhecer” esse esplendor de mulher que entre vidas perdeu-se de mim.

Fato é que demorou a chegar a sexta-feira, mas chegou enfim. Demorou a dar cinco horas da tarde, mas haveria de dar e, como de costume, deu. Saí do trabalho com uma felicidade bem maior do que a simples felicidade que transborda o espírito de qualquer trabalhador, em sã consciência, que tem o sábado livre. Não era tão só, somente, o fim de semana chegando, estava bem mais próximo que isso, bem mais importante que isso, bem mais esperado que isso: era iminência da chegada da hora de revê-la, a hora de novamente inebriar-me com a beleza do odor daquela que me vinha à mente a cada segundo, deparar-me com a inexorável face que me deixava inerme.

Saí e procurei, procurei meu celular para tentar um contato com a inefável mulher. E a ansiedade que voltou a me consumir após conhecê-la aumentava exponencialmente à medida que o tempo passava. Procurei, dessa vez um lugar com cevada de barato preço, encontrei, deliciei-me com uma. Lugar chato, gente chata, paguei, saí. Procurei lugar melhor, de preferência um lugar com aptidão para curar a minha ansiedade, o que me parecia impossível no momento da história. Encontrei logo ali, do lado do teatro Rival, um bar com uma habilidade enorme de me fazer as horas passarem. Lugar cheio, gente boa, mesas à rua, garçons. Em umas mesas um pessoal em número bom, com a camisa do Salgueiro; motoristas e trocadores de ônibus em outras, gente esperando o ensaio do bloco do Bola Preta chegar ao fim para curtir o fim do mesmo ali na Cinelândia; gente que havia acabado de sair do trabalho em qualquer lugar do centro da cidade e fez dali o ponto de encontro para deleitarem-se com suas amizades; gente que só queria curtir uma boa música; gente que com certeza já era fiel ao bar e aos garçons; gente que só esperava a sua companhia. Mas e eu? Eu com certeza fazia parte do pequeno e seleto grupo de pessoas que estava só esperando a sua companhia e ao mesmo tempo amando o inenarrável samba que rolava na rua em frente ao bar.

Procurei mais uma vez, dessa vez uma mesa, um lugar para sentar. Sentei, me deixei respirar um pouco melhor abrindo mais um botão da minha camisa, chamei o garçom e pedi uma Antártica. Prestem bastante atenção no numeral do meu pedido: um. O samba ia me contagiando cada vez mais, me deixando sem eira nem beira, rolava de Djavan e Elis Regina em ritmo de samba à Cartola e sambas de quadra, passando indispensavelmente por Clara Nunes. Pronto, dali fiz caminho de Ogum e Iansã, fiz dali o meu lugar. Pronto: garçom chegando, balde na mão, quatro cervejas dentro do gelo, (que lindo!), encantou-me o garçom. Agora que não arredo o pé daqui mesmo.

Liguei para o meu irmão Felipe, liguei para o meu irmão George, liguei para o meu irmão Isaque, só gente que me fazia imensa falta no momento. Distraí um pouco a minha mente, aos poucos me curou de parte da ansiedade, mas sem pestanejar meu coração ainda palpitava, a despeito do samba e da cerveja, clamava pela presença de Atiele. Logo ela, de presença tão nobre, não poderia estar perdendo este samba, logo eu, de presença tão ínfera, não poderia estar curtindo este samba sem a presença daquela que me fez apaixonar.

Foi-se acabando o samba, mas felizmente era somente uma pausa, mas já me havia feito consumir duas garrafas. Pronto: as básicas necessidades me chamavam e forma de fugir não havia - banheiro cheio, fila grande, o mesmo ambiente para mulheres e homens (imaginem vocês a tamanha dificuldade!). Deu-me um medo horrível dela agora chegar e exatamente eu que há tanto a esperava, a faria esperar. Mas esse não era o real problema, o real problema era que quando se está com a bexiga a ponto de bala para explodir, não se pode dar mole e ficar mais ansioso ainda, seria o fim. Brincadeiras à parte, o samba voltou e aliviado eu já estava. Mais sambas ótimos, mais uma garrafa e decidi por maneirar senão daqui a pouco encontraria a paixão do meu viver totalmente ébrio, já me sentia um pouco mareado, não enjoado, mas meio tonto mesmo. Parei de beber e tudo foi melhorando.

Até que ela me liga. Chegou. Onde estás? Procurei-a, passei por ela direto, sem enxergá-la, ela me havia visto, mas não consegui chamar-me em meio à multidão. Voltei e dessa vez sim, dessa vez a vi, dessa vez meu coração não palpitava mais pela ansiedade, meu cérebro não esperava mais o tempo passar, meu corpo não estremecia pelo nervosismo da espera, meu coração palpitava pela necessidade emocional em mim contida, meu cérebro pedia para que o tempo parasse naquele segundo, meu corpo tremia pela incondicional vontade de abraçá-la.

Sorri, sorri com toda a felicidade em meu ser contida, abri meus braços, os abri como se quisesse abraçar o mundo, caminhei em direção a ela que já fazia do meu coração trapos nas despedidas. Bem ali na Praça Floriano, na calçada oposta ao bar Amarelinho, na calçada do Palácio Pedro Ernesto, entre a 13 de Maio / Praça Floriano e a Alcindo Guanabara - se bem me recordo o nome das ruas -, bem ali meu corpo parou por um milésimo de segundo no tempo, parou e me perguntou o que eu faria. Minha vontade era de beijar-lhe a boca em devaneio, mas seria isso algo fortuito ao momento. Não sabia. Parei, pensei, discuti comigo mesmo nesse ligeiro e imperceptível milésimo de segundo. Quando dei por mim já estava abraçando-a e beijando-a.

Deixei-me ir com as minhas vontades, não quis mais saber de pensar, só quis aproveitar cada segundo que apraz me fosse, cada momento ao lado daquela que aos poucos me fazia amar. Na minha mente e na cruel realidade do meu ser era um caminho sem volta, não o da paixão, mas o caminho do insucesso de nosso relacionamento.

Relacionamento, insucesso, tudo isso é tão relativo, nossa relação poderia sim ser um sucesso apenas nos encontrando de vez em quando e de quando em vez, poderia ser um sucesso absoluto a nossa relação contendo apenas alguns dias em semanas, contendo apenas umas boas ligações, uns bons e-mail e uns ótimos e maravilhosos encontros. Mas nada disso poderia ser sucesso para mim, não no meu atual estado, não com a paixão que me tomavam as rédeas, não, comigo não, para mim não. Mas infelizmente acho que era o caminho que seria trilhado, o caminho da cruel relação sem sentimentos adicionais que não fossem apenas o carinho e prazer.

Mas como esconder a minha entrega? Não sei, até hoje não sei esconder a minha entrega e nem quero. Decidi por deixar-me ir novamente. Fui. Vivi cada segundo nos braços dela, cada célula da minha epiderme viveu o contato com a pele da Aty, quis ali para sempre ficar. Sorrimos como de costume, ela como de costume com uma beleza que me deixava bestificado, fazia-me incrédulo na existência de beleza de tal ordem. Em nenhum momento consegui em vã consciência sentir-me idôneo de ter aos meus braços mulher de tamanha e indiscutível beleza. Como poderia eu cheio de azedume em minhas palavras ter ao meu lado uma mulher de voz doce e suave, de inteligência inquestionável? Era uma deusa bem aqui na minha frente, bem aqui nos meus braços e lábios. Jamais certo daria, jamais ela iria querer algo comigo, somente encontros, casuais ou não, encontros.

Mas em sã consciência não sou também de se jogar fora. Como posso eu fora jogar-me? Talvez eu não seja tão ruim assim, aliás, eu sei que não sou tão ruim assim. Pensando bem eu não sou ruim, não sou nada mal. Não me preocuparia mais, não naquele dia, não mais naquele momento. Talvez não houvesse idiossincrasia entre nós naquele momento, talvez ela estivesse pensando e sentindo tudo que me vinha à mente no momento daquele abraço e beijo tão rápidos, mas tão longos em minha mente. Talvez um dia ela também se apaixonasse por mim. E assim foi, disse-me posteriormente que ali, naquele momento se apaixonou por mim.

Beijamo-nos por vezes com o passar das horas, apresentou-me quem hoje vem a ser a minha cunhada e seu namorado, pessoas de valor inestimável, jovens bonitos e graciosos. Mas no momento só me importava em tê-la em meus braços, em acariciar a sua pele alva, em beijar a sua linda boca, em ter os seus cabelos em minhas mãos e seus braços em meus ombros, em fitar seus olhos irretocáveis e viver o seu cheiro de mulher.

Irredutível fiquei, não podia mais perdê-la, seria difícil viver sem a experiência dela ao meu lado, faria a partir dali de tudo para tê-la em meus braços. E até hoje tudo que mais tento é dar-lhe um amor irrepreensível e não cometer erros irreparáveis.

Ainda naquela noite nos despedimos, um triste despedida para mim e vi nos olhos dela um desejo contido ao despedir-se, uma vontade de ficar ao meu lado, uma vontade de continuar em meus braços. Seus olhos pediam mais do mesmo, mas seu corpo ia, aos poucos ia embora. Permiti-me pensar novamente: ela é experiente, tem a vida própria, não se deixe enganar pelos belos olhos, Diogo Fabrício. E algo ao fundo me dizia em alto e bom som:

“Você há de sofrer por esse amor que não lhe será correspondido”. Até hoje pago para ver. E com a certeza superior ao meu viver de que jamais deixarei de ser correspondido.

Amo-te Atiele, obrigado por esses quatro meses decorridos nesta vida Amo-te.

Hoje a tenho ao meu lado, tenho quem sempre me teve.

Hoje confio.

Hoje amo.

Hoje sou o homem mais feliz do mundo ao lado dessa maravilhosa mulher.

Hoje, falar que só penso no hoje é mentira, me permiti fazer planos e pensar no futuro sem deixar de aproveitar cada segundo ao lado da mulher que tanto amo.

Atiele, eu te amo e nada mais no mundo me faz / fará / fez tão feliz como você me faz. Da mais profunda artéria que corre no meu corpo, você é a minha vida.

P.S.: Por causa do Bola Preta encontramo-nos, mas irrelevante já nos era essa negra bola.

Sábado, 5 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Atiele, tudo de você em mim é felicidade... Amo-te


Se hoje em ti, meu pranto derramei, Não pense que “o meu jardim da vida ressecou ou morreu.” As lágrimas que transbordaram o meu peito eram de total e incontida felicidade, pela certa presença habitual do seu ser.


Quem diria que eu um dia iria contra Antônio Carlos, logo eu tão singelo, vi na luz do seu olhar o quanto o nosso amigo estava errado. Discordo com veemência de uma das suas mais conhecidas frases, discordo porque você Atiele, me mostrou o quanto a felicidade não tem fim e tristeza, essa ai sim, sim.


“A felicidade é como a pluma, que o vento vai levando pelo ar, voa tão leve.” Mas não meu bem, não tem vida breve, tenho a certeza em meu coração de que seremos felizes por toda a eternidade de nossas almas. Sim como a pluma ela necessita do vento para sustentá-la, mas a sua doce presença diária é o alimento da minha felicidade, o cotidiano do poder ver-te, sentir-te e ouvir-te faz do meu coração uma bomba que explode e mostra-lhe o meu choro prateado.


Ah prateado, esse sim estava certo. Amor, “A nossa vida nunca vai ser singular, sempre vou chamar você. Quando precisar de um ombro amigo, vamos conversar, quero abraçar você.” E eu agradeço muito mesmo a Deus, todos os dias por existir você, por encontrarmo-nos novamente, por reconhecemo-nos. Eu até levaria minha vida numa boa sem nunca ter te conhecido, mas desde do dia em que me apaixonei por você, nada mais seria igual.



"Eu não sei de mim o que seria, sem a sua voz, porque entre nós, você que é o meu sonho de amor, e verdade, você é o resumo da felicidade, você que dá asas a minha loucura, que me faz viajar em candura, eu só quero amar você.”

Te amo mais que tudo nesse mundo...
Hoje eu não sou mais Diogo,
Hoje sou inteiramente Atiele....

Tu és fogo, tu és ar, tu és tudo...

Amo-te


terça-feira, 15 de junho de 2010

Cinthia e seus amores




Podia-se ao longe ouvir o som do seu amor incondicional, ao longe se ouvia aquele que nas mãos dela ganhava vida, e mesmo de longe podiam escutá-la soprando aquele que sem ela é só mais um instrumento, mas nos lábios dela não, nos delicados lábios de Cinthia ele virava um ser reprodutor, reproduzia o som mais belo que um trompete poderia produzir. Som esse que ganha vida, que ganha notas a cada movimento dos finos e belos dedos nos pistos.

O calor do Sol não mais esquentava essa cidade, pelo menos hoje não mais. O céu anuviou e o Sol aos poucos repousava no leito do mar. Não era uma noite boa que chegava, pelo menos não para Cinthia, ela que aos poucos tem odiado tanto esse frio cortante que deixava cada pedacinho do metálico trompete gélido para as suas mãos quentes.
Ele que tem sido de tamanha importância em sua vida, ele que em determinados momentos parecia ser o único a entender a sua felicidade e em outros o único a dar apoio ao seu sofrimento, ele que independente do dia sempre estava lá e trazia a exata certeza de que sempre estará pronto para curar ou comemorar junto a ela. Não poderia ele virar algo sofrível, não, não ele, não o seu companheiro incurável, não o seu amor incondicional.
Mas à vontade lhe foi maior que o incomodo do metal frio em suas mãos e boca. E essa vontade incontida fez o pescador que voltava triste e de mãos vazias, após um longo dia de azar, ver o quanto lhe era bom voltar a por os pés em terra firme e voltar a escutar um novo som que não fosse o das ondas, que em seu pequeno barco batiam, fez a estressada e ansiosa mulher querer que aquele sinal vermelho, que impedia o seu carro a prosseguir, ficasse parado por mais tempo, nem que fosse mais um minuto, um minuto, que diferença faz um minuto, um minuto em que o casal de senhores parou para dar atenção à bela música, que pretensão a dos senhores, não era uma caridade feita, era uma caridade obtida, pararam para usufruir desse belo momento, nessa bela cidade que inspira artisticamente cada indivíduo que aqui reside.

Mas chega por essa noite, Cinthia ainda não havia conseguido a inspiração para a matéria da sua coluna semanal no principal jornal da cidade, muito menos inspiração para a reportagem da revista mensal. Nunca havia imaginado que esse dia chegaria, mas o jornalismo enfim já lhe dava dor de cabeça, já lhe causava imensa preocupação. Decidiu-se então dar uma volta pela cidade, jantar fora, sabe-se lá o que ela optou fazer, mas fato era que em casa essa inspiração não viria.
Ela precisava ver gente, precisava analisar um pouco a noite, impossível não achar inspiração nessa cidade, logo no Rio de Janeiro.
E Cinthia a noite tomou e a noite tomou Cinthia.
Um chocolate quente, Gal costa de fundo e até que a noite de quarta-feira lhe saia aos poucos melhor que a encomenda. Diria que ela ali sentada pode ver o menino correndo, pode ver o tempo como diria Roberto, mas nada disso, apesar de tanto observar nada lhe trazia inspiração, só o que ela não percebia era o quanto estava sendo observada.
Mas somente observar não deixaria Pedro feliz, Pedro aproximou-se, Pedro falou, escutou e escutou mais um pouco, Pedro amou.
Até hoje Pedro sabe que a melhor atitude da vida dele foi tomada naquela noite.
Até hoje Cinthia sabe que a melhor reportagem que escreveu tem como tema o amor nas noites da cidade maravilhosa.
Dizem que muitos dos que leram a sua coluna do jornal ainda hoje preferem sair de casa a ficar esperando milagres, preferem viver a deixar a vida passar, muitos dos que leram a coluna semanal volta e meia, meia e volta admiram o esplendor do crepúsculo ao som de um certo trompete que hoje toca muito mais feliz, e felizmente não mas é o único amor incondicional.

sábado, 15 de maio de 2010

Ilha...


Dificuldade enorme, para mim pelo menos é. Sair do meu conforto logo de manhã cedo. Não ligo em ter hora para acordar; acordo cedo numa boa, meu maior problema é ter que sair de casa cedo, isso sim demanda um esforço enorme de minha pessoa. Mas graças a Deus a vida nos recompensa sim, recompensa com o arrebol...


Manhã, brisa leve com um nada singelo cheiro de mar.
Nada singelo mesmo, aliás que cheiro é esse que lhe é peculiar?
Sol nascente ao horizonte e o céu de rubro a alvacento.
E o mar hora azulado, passa a hora, hora agento.

O caminho está traçado e aos poucos foge ao meu destino.
A passagem é uma ponte, mas via mar é a melhor viagem.
Não me preocupo, mas com as horas, vivo esse ar matutino.
Tu tens de tudo tão lindo, de tão intenso parece miragem.

Não há como descartar ao fundo a visão do centro da cidade.
É uma selva de pedra de diversas quadras, diversas épocas.
Apesar do acinzentado, de longe ou de perto desperta quimeras.
Mas a fumaça não me empolga, pouca saúde, muita soledade.

Retorno os pensamentos à ilha, ao ver as aves em revoada.
Coisa mais bela, o sol que já se alteia e rubro fica alaranjado.
E ao longe vejo pescadores que enriquecem essa ilha amada.

Laranja não mais é a cor, enfim o sol mostra o seu amarelo.
E toda essa beleza que se modifica e o seu horizonte assinalado.
Traz-me uma imensa paz e me faz esquecer todo o flagelo.


Enche-me de esplendor toda essa beleza, mas a saudade de meus amores açoitado faz-me sentir. Nada mais me importa, afinal só há veículos, vias, pessoas e fumaça em minha frente. Toda a recompensa da saída já ficou para trás, bate-me uma saudade imensa e a certeza de que não há mais jeito, de que tudo já não volta mais.
Mas há sim, há de voltar, a noite é tão bela quanto a manhã e a saudade aumenta a ansiedade da volta...

E de erbúneo aos poucos escurece e tudo volta a colorir.
A volta no início é tediosa e tensa.
Mas também é uma recompensa.
Da tristeza do dia-a-dia, surpreendo-me a sorrir.

O crepúsculo dá o tom do retorno.
E de longe toda aquela cidade iluminada.
Aos poucos vou deixando o transtorno.
Ao ver as luzes da cidade amada.

Amor mesmo é a beleza da volta, quando finalmente sinto-me em casa.
Sentindo o famoso odor novamente, cheiro da água, cheiro da vasa.
Retorno ao lar de onde cedo saí e agora retorno com pouco vigor.
Mas feliz de encontrar novamente Atiele, meu eterno amor.

Anagrama de Eleita, nome dessa minha grande paixão.
Eleita não sei o porquê, só sei que escolhida foi por mim.
E sei que não tive escolha, quem mandou foi o coração.

Trouxe-lhe rosas brancas, plantas mortas pelo corte.
Vivas são as melhores, lírios, amarilis e jasmim.
Aty, meu grande amor, amo-te de sul a norte.

sábado, 8 de maio de 2010

Alunos???... Professores!!!...

Tem cada aluno esperto de dar ódio.
Dia desses deparei-me com uma professora de português reclamando da tamanha inteligência de seu aluno (isso mesmo que vós lestes, reclamando da inteligência. tsc, tsc, tsc). Dizia-lhe que não deveria reclamar de tal diferencialidade perante os demais, mas aquela que leciona o quer fazer em tempo integral, pelo menos essa em questão, e não poupava nem um segundo que fosse a sua voz, pior, não poupava um segundo que fosse o meu ouvido. Decidi por deixá-la tagarelar.

"Não, porque isso é um safado, na hora da prova perguntam as mais variadas idiotices, aliás perguntam tudo que vier a mente, perguntam se o texto é para ler, querem respostas, não me surpreenderia se um dia algum me pedisse alguma fórmula matemática ou a taxa de câmbio de determinada moeda. Por que não sanou essa dúvida na hora da prova? É foda!" Dividia o seu "grande" problema comigo a pobre moça.

Dúvida minha cara, pelo seu relato me ficou claro que dúvida alguma havia.
Seu belíssimo aluno de mente insana só quis tumultuar o dia da correção da prova e conseguiu.
Virou um ídolo na turma, pelo menos para os mais "ajumentados".

A questão sobre crase, com um ponto de valor, tratava-se do seguinte:
1) Complete com "a" ou "à":
a) Os turistas retornaram __ terra.
b) Os astronautas retornaram __ terra.

Simples assim, na hora da digitação a pobre moça não percebeu que não havia posto terra na questão 1.b com "T"(tê) maiúsculo. Questão número um que irremediavelmente teve de ser anulada.
Os "mais inteligentes" perceberam facilmente o sentido que a professora queria na questão, sentido de os turistas retornaram a terra e os astronautas retornaram à Terra, mas de que importa o sentido se o português é claro o suficiente para não deixar dúvidas na cabeça de Miguel.

Miguel respondeu com perspicácia que os turistas retornaram à terra e os astronautas retornaram a terra, errando assim a questão inteira.

- Digo-te que não errei a letra bê professora, afinal de contas terra está com a inicial minúscula, logo refere-se a terra, o chão em que pisamos, não Terra o planeta em que vivemos.
- Miguel o sentido é de que os astronautas estão fora da Terra, o planeta, de onde mais astronautas retornariam?
- Pensei e muitos aqui na turma pensaram no sentido dos astronautas estarem no treinamento com saltos de paraquedas, voo de avião, ou mesmo um bungee jump, talvez nadando. E em todos esses casos impreterivelmente eles retornam a terra sem crase. Estou certo, não?
- Sim está certo, realmente o erro foi da digitação. A letra bê da número um está anulada.
- Neste caso deve-se anular a letra a também, afinal de contas pode ter havido erro de digitação, e hoje em dia com essas viagens à Lua, não me surpreenderia com turistas retornando de lá.

Pronto, balbúrdia criada.
Primeira tentativa de controle da bagunça.
Falha, afinal são mais de cinquenta alunos.
A algazarra continua.
Segunda tentativa de controle da vozeria, afinal não havia o porquê, a questão certa estava.
Falha, afinal público e no Brasil o colégio é.
O alvoroço continua.
Balbúrdia controlada, questão número um anulada, um ponto para todos.
Um pouco mais de alvoroço.
E hora do recreio.
Professora morta de cansaço e doida para se ver longe de tais pivetes sem educação.
Educação essa que vem de casa sim, pelo menos deveria vir, né?! Mas para a singela professora sempre parece que ela nunca vem de lá, sempre em casa fica.


Ai, ai, Miguel, menino safado esse Miguel, safado. É foda mesmo.